Glenn Greenwald
Politics • Culture • Writing
Algumas Reflexões sobre Gratidão - e sobre a Longa Crise de Saúde na Nossa Família
April 14, 2023
post photo preview

 

(This article was first published on March 27, in English here, and below is the Portuguese-language version):

 

Ainda que minha vida esteja sendo dominada nos últimos oito meses pela crise de saúde do meu marido, eu tenho me esforçado para não escrever muito sobre isso. Em parte porque eu sei que todo mundo, em algum momento, viverá em suas vidas momentos de sofrimento, e que (exceto para nós mesmos) esses momentos de nossas próprias vidas não são especiais ou particularmente interessantes. Em parte porque - especialmente desde que nossos filhos entraram em nossas vidas - venho tentando manter algum nível de separação entre o público e o privado. E em parte também porque detesto esse tipo narcisista de “jornalismo” cada vez mais comum, focado sempre em falar sobre os dramas, “traumas” e sentimentos do jornalista, que tenta passar ensaios egocêntricos como se fossem algo mais profundo. E em parte porque eu sei que meus leitores esperam de mim reportagens, comentários e análises políticas, e não reflexões pessoais.

Desde que David foi hospitalizado, súbita e surpreendentemente, na UTI com um quadro muito sério com riscos à sua vida - no dia 6 de Agosto de 2022, quase 8 meses atrás - abri exceções ocasionais e publiquei algumas coisas sobre isso (o último artigo significativo que escrevi, em novembro passado, inclui detalhes sobre sua condição e sobre o que nossa família vem vivendo, para quem se interessar). Eu venho também publicando algumas atualizações pontuais sobre sua saúde, principalmente porque acredito que devemos ao público brasileiro notícias sobre o que se passa com David, visto que ele era um parlamentar eleito em plena campanha até precisarmos peticionar pela retirada de sua candidatura por motivos de saúde. Mesmo após a retirada de sua candidatura e o fim de seu mandato parlamentar, venho postando algumas atualizações pontuais em resposta às inúmeras manifestações de carinho, amor e solidariedade que David vem recebendo.

Mas a principal razão pela qual eu ocasionalmente escrevo ou falo sobre a situação de nossa família é que é impossível para mim não fazê-lo. Não sou uma máquina - ninguém é. Acredito que parte da razão pela qual construí um público grande e fiel é que meus leitores - mesmo quando discordam do que escrevo, o que acontece bastante - confiam que estou dando minha opinião honesta e autêntica.Seria impossível manter qualquer semblante de honestidade ou autenticidade se eu tentasse esconder ou ocultar o assunto que domina meus dias, meus pensamentos e essencialmente tudo que faço. A situação do David afeta minha produtividade (frequentemente reduzida), minha energia, minha disposição e meu estado emocional.

Dito isso, eu ainda assim evito escrever ou falar muito sobre isso, exceto quando acho que tenho algo que realmente valha a pena ser dito. Foi isso que me motivou a escrever sobre isso na última vez que o fiz, em novembro, quando a internação de David completava 3 meses e o portal UOL publicou um perfil narrando como nossa família vem atravessando esse período tão difícil. Na ocasião, achei que alguns dos pensamentos que eu tinha para compartilhar poderiam ser úteis a outras pessoas. Não que eu julgasse possuir insights ou epifanias profundas que ninguém mais teria - não foi o caso. Algumas verdades só podem ser compreendidas - não num plano racional, mas visceralmente -  através de um tipo de sofrimento e dor emocional do tipo que a minha família, como tantas outras, vem passando desde agosto.

Ainda que em minha vida eu tenha atravessado aquelas situações tristes à que todos estamos sujeitos - a perda de meus avós e dos meus pais em particular -, os inesperados e repetidos flertes com a morte que meu marido de 37 anos, saudável e em forma, vem atravessando são distintos de qualquer coisa que eu poderia ter imaginado. O desespero, medo e a tristeza estão em um patamar diferente de qualquer coisa que eu tenha vivido. Isso continua permeando, física e emocionalmente, cada segundo do meu dia.

Tudo isso, por sua vez, se torna ainda mais difícil quando me deparo com a responsabilidade de fazer tudo ao meu alcance para apoiar e ajudar nossos filhos, nesse momento em que eles precisam não só lidar com a ausência de um dos seus pais - num momento tão crítico de suas vidas, a adolescência - mas também precisam contemplar a possibilidade de perdê-lo. E tudo isso enquanto eu preciso aceitar a realidade de que há limites para minha capacidade de protegê-los. Eu não posso resolver a questão que está causando tanto sofrimento a eles. Nunca me deparei com dor maior do que a impotência de ver meus filhos sofrendo sem poder fazer o sofrimento parar. 

Ao mesmo tempo, essa responsabilidade de cuidar, apoiar e dar força para nossos filhos tem sido a minha fonte mais potente de motivação e energia. Os momentos em que eu fui capaz de, de algum modo, aplacar o sofrimento deles, ou quando eles me oferecem momentos de leveza e alívio, são momentos que eu nunca vou me esquecer. Apesar de todas as dificuldades, ver a nossa família se fortalecer e se unir tem sido uma das experiências mais gratificantes de minha vida.


 

Optei por escrever sobre esse assunto mais uma vez porque acho que minhas reflexões sobre os eventos dos últimos meses podem ser interessantes ou até mesmo ajudar alguém, em algum lugar. Para começar com o mais importante: o boletim médico traz notícias relativamente boas. Desde que David foi internado, a cada mês que passa sua condição de saúde, no agregado, apresenta melhorias em relação ao mês anterior. Em outras palavras, desde de que chegou no hospital no dia 6 de agosto com um quadro extremamente grave e com sua região abdominal subitamente inflamada - o que se espalhou rapidamente para outros órgãos pelo sangue - David vem apresentando progresso mês após mês;

Esse progresso, entretanto, é invariavelmente lento, incremental, árduo e quase sempre interrompido por percalços e complicações alarmantes, devastadores, emocionalmente destrutivos e, em algumas ocasiões, potencialmente fatais. Mesmo apresentando melhorias, David ainda está na UTI - de onde não saiu desde que deu entrada no hospital há quase oito meses - e ninguém pode garantir com certeza que ele esteja fora de perigo. Nada na vida é garantido. É essa a lição que essa experiência deixará marcada na minha mente. Procuro sempre me lembrar que, apesar de todas as dificuldades, o prognóstico dele agora está bom, melhor do que esteve em qualquer momento desde o início desse pesadelo.

Desde a primeira semana de internação, foram três as vezes em que os médicos me ligaram para me preparar para o pior. Nas três vezes ouvi que as chances de sobrevivência nas 48-72h seguintes eram muito baixas, quase zero. Isso sem contar as múltiplas vezes que recebi notícias ruins mas que não chegaram a esse nível extremo. Não vou nem tentar explicar a sensação de ter que contar para meus filhos e para a família e amigos do David que era hora de ir ao hospital, quem sabe pela última vez, para vê-lo. Tampouco vou tentar colocar em palavras a sensação de colocar de lado a dura tarefa de lidar com essa notícia em favor da tarefa de ajudar nossos filhos a fazer o mesmo. Ainda assim, de forma que os médicos até hoje têm dificuldades em explicar totalmente, David atravessou todas essas crises e continua melhorando.

A parte mais importante da recuperação do David é que ele agora está quase que totalmente acordado, comunicativo e alerta - além de cada vez mais forte. Excetuando-se as seis primeiras semanas - quando ele estava basicamente em coma induzido - houve momentos em que encontrei David alerta e responsivo. Mas foi só nas últimas oito semanas que isso se tornou normal. Ainda que sua comunicação verbal continue sendo prejudicada pela necessidade de respiração assistida por aparelhos, isso vem sendo cada vez menos necessário. Quando ele não está usando o respirador, David consegue falar usando um aparelho que o ajuda a falar e ser ouvido com sua própria voz (mesmo quando não está respirando com ajuda dos aparelhos, o tubo da traqueostomia continua inserido, por isso a necessidade do aparelho para falar).

Em nenhum momento David teve problemas neurológicos ou cognitivos, e por isso sempre acreditei que ele não teria nenhum tipo de limitação desse tipo, apesar dos meses de sedação pesada. Felizmente, isso vem se mostrando verdadeiro. Existem muitos estudos sobre o trauma psicológico de longo prazo causada por estadias prolongadas na UTI (geralmente medida em algumas semanas, não 8 meses e contando). Esses estudos apontam para mudanças radicais de personalidade que frequentemente resultam de internações de longo prazo. No caso específico de David, vi pouca ou nenhuma evidência disso. Sua personalidade, senso de humor, memória e até mesmo a forma como ele reclama de mim carinhosamente e resmunga ocasionalmente, como só um cônjuge de 17 anos é capaz de reclamar e resmungar, vem se mantendo notavelmente constante. Embora eu não tenha dúvidas de que todos nós, especialmente ele, teremos muito trabalho a longo prazo para tratar o impacto psicológico de tudo isso, não sinto, quando estou no quarto da UTI dele, que estou falando com uma versão alterada ou parcial de David, mas sim com o David em si, como eu sempre o conheci.


 

Isso me leva para a questão principal que quero enfatizar. Nas últimas quatro ou cinco semanas, tenho conseguido passar os finais de semana com David. Às vezes chego a ficar doze horas com ele. Procuro não deixar que nossos filhos fiquem mais do que uma hora ou duas numa tentativa de manter um semblante de normalidade na vida deles. Já eu chego lá na hora que ele acorda e fica comunicativo, e vou embora só pra comer, fazer exercício e quando ele vai dormir.

Obviamente, não há muitas opções de lazer num quarto de UTI. Sentar ao lado de sua cama para conversar e assistir séries e filmes juntos é basicamente tudo o que podemos fazer por enquanto. É difícil expressar a quantidade de alegria, felicidade e gratidão que sinto quando podemos compartilhar esses momentos - por menores que sejam. É uma alegria diferente de qualquer outra que eu já tenha sentido.

É impossível não lembrar dos momentos que eu duvidei se algum dia eu teria essa sensação novamente: sentar e conversar com David. Durante os primeiros meses - que foram especialmente difíceis - houve momentos em que isso era o que eu mais queria na minha vida. Ao menos por enquanto, hoje eu posso fazer isso.

Eu ainda não sei por quanto tempo terei essa pequena alegria. Quantas vezes nesse processo eu acreditei que ele finalmente estava ficando bom, só para depois receber uma ligação dos médicos e vê-lo piorar de novo. Essa talvez seja uma das coisas mais cruéis desse processo todo. Mesmo nos melhores dias há uma voz no fundo da minha cabeça que se pergunta se não haveria mais uma infecção à espreita, ou um vírus prestes a retornar, para mais uma vez obrigar os médicos a administrar um remédio tóxico que vai exigir ainda mais do seu fígado e da sua medula. Por quanto tempo vai durar a maré boa? Ela precisa sempre ser seguida de uma maré ruim?

Mas a realidade é que isso não surgiu com a internação de David. Isso sempre foi verdade. A gente é que não tinha se dado conta. Desde 2005, quando David e eu passamos a dividir nossas vidas, construir nossas carreiras juntos, começamos a criar nossos filhos, acordávamos e dormíamos e comíamos e saíamos achando - devido à nossa idade e à nossa arrogância - que tínhamos pela frente décadas de saúde. Como se fosse certo. Como se o universo nos desse uma garantia, um contrato que nos permitia achar que isso era nosso de direito, e que ninguém poderia tomar de nós. A gente achava que era uma certeza. E por isso, não demos o devido valor.

Esses dias, especialmente nos finais de semana, eu acordo animado e ansioso, Não porque eu tenha alguma coisa glamourosa ou exótica programada. É porque, pelo menos por enquanto, eu posso fazer algo que até agosto do ano passado eu podia fazer todo dia e considerava banal, trivial e sem razão para celebrações: sentar e jogar conversa fora com a pessoa para quem eu nasci, minha alma-gêmea, meu melhor amigo e o amor da minha vida.

Não há nada que podem me oferecer - dinheiro, viagens, sucesso, presentes - que chegue perto à intensidade da alegria que sinto por poder mais uma vez conversar com David sobre tudo e nada: lembrar de histórias do passado, fazer planos para o futuro (quem sabe adotar uma menina para que nossos filhos possam ter uma irmãzinha?), ouvir suas opiniões sobre meu novo programa no Rumble que ele finalmente está tendo a oportunidade de assistir (em sua maioria opiniões positivas, mas sem esquecer de algumas críticas pontuais estéticas, de formato e conteúdo), falar sobre as diversas questões referentes à criação dos nossos filhos, e ouvir ele reclamar que eu exagerei nos elogios a certos filmes e séries que eu fiz ele ver. Não consigo imaginar nenhuma outra atividade, programa ou evento que eu remotamente consideraria ir ao invés de passar o dia com o David no seu quarto na UTI do hospital. Me lembro das vezes que ir ao hospital ver David me deixava com uma sensação de tristeza ou ansiedade - como aconteceu tantas vezes quando ele estava muito pior, praticamente inconsciente, instável e, pior de tudo, irreconhecível. Agora me sinto feliz e alegre cada vez que vou lá.

É extraordinário quanto tempo passamos nossas vidas correndo atrás das coisas que nos ensinaram a almejar e ambicionar quando aquilo que nos deixa mais felizes e realizados estão bem debaixo dos nossos narizes - frequentemente desvalorizadas porque parecem simples ou familiares. É alarmante que só o medo de perdê-las tenha sido capaz de nos fazer valorizar as coisas que temos.

Certo dia, cerca de um ano depois de adotarmos nossos filhos, passei uma hora sentado aleatoriamente no chão do quarto do mais velho, conversando e rindo com os dois, intercalando com algumas discussões leves sobre o futuro. Nada do que foi dito foi especialmente memorável: esse é o ponto. Ao sair do quarto e voltar ao trabalho, senti uma alegria, um senso de propósito e uma paz que nunca tinha sentido antes - e isso não foi apesar da simplicidade do que acabara de acontecer, mas justamente por causa dela. Os seres humanos são animais sociais e aqueles de nós sortudos o suficiente para desenvolver e desfrutar de conexões humanas profundas e genuínas possuem aquilo que é mais valioso no mundo, mesmo que não percebam.

Uma das certeza fundamentais da condição humana é que nada em nossas vidas é permanente. Sabemos racionalmente que eventualmente vamos perder tudo - incluindo as coisas e pessoas que mais amamos e valorizamos, e culminando em nossas próprias vidas - mas nunca sabemos como ou quando isso acontecerá. Apesar de termos essa certeza, continuamos presumindo falsamente que as coisas que temos e mais valorizamos - começando pela nossa própria vida, nossa saúde, nossa família e amigos - estarão conosco para sempre, e não há, portanto, nenhuma razão para sair do nosso caminho em qualquer dia específico para abraçá-las ou honrá-las ou sentir gratidão por elas.

Há um corpo emergente de estudos neurológicos indicando que o ato afirmativo de buscar a gratidão - em vez de apenas experimentá-la passivamente - produz reações químicas positivas e saudáveis em nossos cérebros. Quando coisas boas acontecem com você - você consegue um novo emprego que deseja ou recebe um aumento; alguém que você gosta expressa reciprocidade; você recebe elogios ou reconhecimento pelo que fez. Em situações como essa a gratidão vem facilmente e passivamente. É automático: não é necessário procurá-la.

Mas mesmo nos momentos mais difíceis, ainda temos coisas pelas quais ser gratos. Lembrar e buscar isso, embora muitas vezes seja difícil, é extremamente positivo e útil.

Durante os primeiros dois meses da doença de David, a pior parte de cada dia era acordar. Naqueles primeiros segundos depois de despertar - antes de minhas defesas serem acionadas, antes de eu sequer conseguir me orientar ao estado de estar desperto -, uma onda de sofrimento me inundava quando eu lembrava o que estava acontecendo. Isso ficava ainda mais intenso ao olhar para o espaço vazio na cama. Houve muitos dias em agosto, setembro e outubro em que essa tristeza, medo e agonia dos primeiros segundos do dia se estendiam pelo o dia todo. Os meus primeiros pensamentos do dia definiam meu estado mental e físico. 

Isso só mudou quando - seguindo um conselho sábio pelo qual sou enormemente grato - comecei deliberadamente a procurar a gratidão como a primeira coisa ao acordar. Em vez de me afundar no desespero e focar no que era ruim (a ausência de David e sua doença potencialmente fatal), escolhi me concentrar no que era bom: David está vivo; nossos filhos estão saudáveis e são incríveis, bem ajustados, felizes e amorosos; eu tenho saúde e a capacidade de fazer tudo o que pode ser feito por David e nossos filhos. Quando digo que procurar a gratidão foi uma escolha, é isso que quero dizer. Era algo que eu me forçava a fazer assim que sentia o desespero e a tristeza voltarem. Nunca foi fácil. Já focar nas partes ruins da vida é fácil; é para onde a inércia e a inação nos levam. Rejeitar isso requer força, determinação e luta. Embora seja um pouco clichê, é verdade que não podemos controlar muitos eventos em nossas vidas, mas sempre podemos escolher como interpretá-los e encará-los.

Quando comecei a fazer isso, tudo mudou. Afundar-se no desespero não ajuda ninguém. Só te enfraquece e desgasta, te impede de fazer o possível para apoiar aqueles que você mais quer apoiar. Buscar, encontrar e abraçar a gratidão pelas coisas que sou grato em minha vida me deu mais força física: eu fui capaz de malhar mais e mais, fazer mais exercício, prestar muito mais atenção na minha dieta. E todas essas atividades físicas e a força que elas produziram, por sua vez, fortaleceram meu estado emocional - e o motivo está aos poucos sendo explicado através de estudos neurológicos. Isso não quer dizer que não tive mais dias difíceis. Tive muitos, alguns quase insuportáveis. Ainda tenho. Mas não há mais dias em que fico na dúvida se fiz tudo que posso fazer mais por aqueles que eu mais amo - especialmente David e nossos filhos. Você não pode transmitir fé, força e otimismo para alguém se não sente isso em si mesmo.

O que mais me impressiona é perceber que - depois de anos, décadas, correndo atrás, me esforçando, batalhando - o que eu realmente preciso para uma felicidade interna, realização e gratidão são coisas que eu já tenho e já tive por muito tempo. Isso começa por poder compartilhar momentos de conversas genuínas e amorosas, simples ou complexas, com meu parceiro de vida e agora com nossos filhos.

E enquanto eu não sei por quantos dias ou semanas ou meses eu ainda terei isso - eu nem sei se terei isso amanhã quando acordar ou se a ligação diária do médico vai trazer notícias de algum desenvolvimento negativo inesperado - isso é verdade para tudo. Isso era verdade muito antes de David ser hospitalizado. Nada é garantido. A única diferença é que, se agora estou dolorosamente consciente disso, passei a maior parte da minha vida sem me dar conta, achando que  tudo era garantido.

A falta de permanência das coisas que nos proporcionam a maior felicidade não as torna menos valiosas. Pelo contrário. Sua impermanência é a razão para agarrá-las, mantê-las, apreciá-las e honrá-las todos os dias que as temos e podemos fazer isso.

community logo
Join the Glenn Greenwald Community
To read more articles like this, sign up and join my community today
11
What else you may like…
Videos
Podcasts
Posts
Articles
Answering Your Questions About Tariffs

Many of you have been asking about the impact of Trump's tariffs, and Glenn addressed how we are covering the issue during our mail bag segment yesterday. As always, we are grateful for your thought-provoking questions! Thank you, and keep the questions coming!

00:11:10
In Case You Missed It: Glenn Breaks Down Trump's DOJ Speech on Fox News
00:04:52
In Case You Missed It: Glenn Discusses Mahmoud Khalil on Fox News
00:08:35
Listen to this Article: Reflecting New U.S. Control of TikTok's Censorship, Our Report Criticizing Zelensky Was Deleted

For years, U.S. officials and their media allies accused Russia, China and Iran of tyranny for demanding censorship as a condition for Big Tech access. Now, the U.S. is doing the same to TikTok. Listen below.

Listen to this Article: Reflecting New U.S. Control of TikTok's Censorship, Our Report Criticizing Zelensky Was Deleted
QUICK: Ask Questions for Today's Mailbag!

Glenn will be discussing the Israel-Iran conflict and a Trump Administration official who is in an awkward political predicament, so questions on other topics are more likely to be chosen.

Seymour Hersh said the US will commence action this weekend.
https://seymourhersh.substack.com/p/what-i-have-been-told-is-coming-in

Cool Episode of ‘The Why Files’……

post photo preview
U.S. and Israel vs Iran: Repeating War on Iraq Scripts; Overwhelming Bipartisan Consensus for Israel's Wars
System Update #469

The following is an abridged transcript from System Update’s most recent episode. You can watch the full episode on Rumble or listen to it in podcast form on Apple, Spotify, or any other major podcast provider.  

System Update is an independent show free to all viewers and listeners, but that wouldn’t be possible without our loyal supporters. To keep the show free for everyone, please consider joining our Locals, where we host our members-only aftershow, publish exclusive articles, release these transcripts, and so much more!

AD_4nXeYkVcgzcgVgwTH4HsgQ-PsjfJnkkerEMKzJUBNbex49ctiCfUGCSwgs9h6Vn3qKESfxyvgEpfVQz8nobvNvfVrE9z8iBrAZvKRdf7iPZ-2Qov6I426kA0Sqc0Yy6Oh5amLisL1-RzSK5ykf5mGHyE?key=aMiM9imCrTsNamRKd6Vfew

The war initiated by Israel against Iran last Thursday was dangerous from the start and has each day only become more dangerous. President Trump has boasted of his pre-war coordination with Prime Minister Benjamin Netanyahu. He's already been using U.S. military assets to protect Israel. He's now even re-deploying aircraft carriers in the Pacific, where we're told they are guarding against America's greatest enemy – China – now to the Middle East, where Israel has demanded they go to support its war. 

Just a few minutes ago, President Trump ordered the 16 million people who live in Tehran to immediately evacuate a city where it's now 2 a.m. 

With Israel, as always, demanding more. Now, they want the U.S. planes and bombs to destroy Iran's underground nuclear facilities for them. The former Israeli defense minister went on CNN just an hour ago and told President Trump in the U.S. that it's our obligation to fight this war with them. And for them, President Trump has repeatedly opened the possibility of even greater U.S. involvement in the war. 

There are so many aspects of this new conflict worth covering and dissecting –and we will do so throughout the week – but tonight we want to focus on the amazing ease the U.S. government has in convincing its population to support whatever new war is presented to it. Over four years ago, intense war propaganda from the U.S. political class and media persuaded Americans to want to fund and arm the war in Ukraine – a war that is still dragging on with no favorable end in sight – and overnight huge numbers of people in the United States have suddenly become convinced without having ever said so previously that war with Iran is some sort of moral imperative as well as a strategic necessity for the survival of American citizens of the United States. 

No matter how debunked, discredited and disgraced that Iraq war narrative has become, as long as one just waits 20 or 25 years, then, apparently, that same script just works like magic all over again. You just haul it out, fearmongering, and huge numbers of people respond by saying, "Yes, let's go to war, let' kill people." 

We'll examine all of that, as well as the standard bipartisan unity in support of new American wars and especially wars involving Israel, you hear Democrats almost unanimously, either staying quiet or praising President Trump, with just a few exceptions from both parties. And we'll look at that as well. 

AD_4nXeYkVcgzcgVgwTH4HsgQ-PsjfJnkkerEMKzJUBNbex49ctiCfUGCSwgs9h6Vn3qKESfxyvgEpfVQz8nobvNvfVrE9z8iBrAZvKRdf7iPZ-2Qov6I426kA0Sqc0Yy6Oh5amLisL1-RzSK5ykf5mGHyE?key=aMiM9imCrTsNamRKd6Vfew

AD_4nXdXi3PHhIfI5UY5jue2s_VN_Dre1s5GH_qzxPS39EBWpyASwtOnszEASDMpdRuJzVlrD4idh5uDoPcdU38-w-kpHnSvAo9rtxSpcN4lW-sAiALyp2wxVRGqfHoLUqaYrKPxb_-HZMv3-aKzQLw90g?key=aMiM9imCrTsNamRKd6Vfew

If you're an American citizen as an adult, you have seen the United States repeatedly go to war. Anyone 18 or over has seen the United States involved in all sorts of wars and that's after the Iraq war, which is now 22 years ago. Essentially, if you're American, it means forever, for a long, long time, for many decades, that you are a citizen of a country that's always at war. 

After World War II, there was a very visible and clear pattern, which is that the U.S. government convinces its citizens, enough of them, to support the war at the beginning. They deluge them with war propaganda, which is extremely strong, primal, tribal and enough Americans initially support the war to let the U.S. government politically go and drop bombs or finance some other country to go drop bombs for it. Then, after six months, a year, or two years, or four years, polls show that Americans overwhelmingly oppose the war that they were convinced to support. Going back to the war in Vietnam, throughout the 1980s’ wars, the War on Terror in Afghanistan, in Iraq, in Syria, in Libya, the financing of the war in Ukraine, Israel's destruction of Gaza, bombing Yemin and now this new war that the United States is becoming increasingly involved in, in lots of different ways and we're only on the fifth day.

You just see so many Americans on a dime the minute a new war is presented to them, with whatever pretext can be conjured, even if they're exactly the same pretext that most Americans lived through watching proved to be complete lies the last time it was used in 2003, even though it's exactly the same script, exactly the same pretext, coming from exactly the same people. You can get enough Americans to immediately stand up and start cheering for death and destruction and bombing. Not all, a very substantial minority oppose it, I think if the U.S. overtly gets even more involved in the war in Iran, obviously anything resembling ground troops entering Iran, but even perhaps prolonged bombing of Iran as well through U.S. jets and bombs, as President Trump has indicated and Israel has demanded, maybe some of that will erode, that support will erode. But all that's needed is enough support at the beginning of the war to let the government start it. And once the U.S. government enters the war, it doesn't matter anymore whether the people continue to support it; then it's just already done. All the normal arguments are assembled about why we can't stop, why we can't cut and run, why that would be appeasement, etc., etc. All the same scripts all the time, used over and over, and even though they get proven to be discredited, or unpersuasive, or full of lies, you just use the same ones each time. And that's how the United States stays as a country at war.

We've been hearing a lot of people saying, “Look, I'm happy that Israel is bombing Iran, as long as the U.S. has no involvement in the war, we don't enter it, we don't have to pay for it. As long as it's not our war, I'm fine with it.” But, of course, the entire Israeli military is funded by American taxpayers. Every time Israel has a new war, the weapons that it uses come from the United States, transferred to Israel. We pay for their wars, we arm their wars, we support diplomatically those wars and we use our military assets every single time and our intelligence apparatus to support and enable the war, as the United States is already doing. We already have multiple new U.S. military assets ordered to the region by President Trump. They're already active in protecting Israel from retaliation. President Trump openly said that he is considering the possibility of involving the U.S. even more directly in this war with Iran: "We're not involved in it. It's possible we could get involved. But we are not at this moment involved," the president said. (ABC News. June 15, 2025.)

That all depends on what you mean by ‘involved.’ We're paying for the war, we're arming the war, we've deployed military assets that are actively now trying to shoot down missiles coming from Iran as retaliation for the Israelis launching a completely unprovoked attack on Iran, based on the claim that Iran was about to get nuclear weapons, just weeks away, something they've been saying for 30 years, as we've shown you many times, same thing that was said in 2002. 

Only for Supporters
To read the rest of this article and access other paid content, you must be a supporter
Read full Article
post photo preview
U.S. Involvement in Israel's Iran Attack; the View from Tehran: Iranian Professor on Reactions to Strikes; CATO Analysts on Dangers and War Escalations

The following is an abridged transcript from System Update’s most recent episode. You can watch the full episode on Rumble or listen to it in podcast form on Apple, Spotify, or any other major podcast provider.  

System Update is an independent show free to all viewers and listeners, but that wouldn’t be possible without our loyal supporters. To keep the show free for everyone, please consider joining our Locals, where we host our members-only aftershow, publish exclusive articles, release these transcripts, and so much more!

AD_4nXd1VoS9xg7si8ZviLBfSqd9c5_FMQdODz9RYxLWVBvtebHFOs0oWtttaWP_7qvL_VZdS0enruALLjYbkU-CdLQUDxNECHRbc5Y9OjrLuK-6y6Uq602-Q9fTzTYkN5_S0oVACoqvAhTWU86eCRc8vZU?key=lmRJixp6Jlz5wRA3fSBDAg

Today's most important news is obvious: Israel last night launched a major military assault on Iran, targeting residential buildings in Tehran, where military commanders and nuclear physicists live with their families, as well as bombing multiple nuclear facilities throughout the country. 

Triumphalist rhetoric flooded American and Israeli discourse almost immediately, until just a little bit ago, when a barrage of Iran's ballistic and hypersonic missiles began hitting Tel Aviv, Jerusalem and other major population centers. Escalation seems virtually inevitable at this point. The level of escalation – always the most dangerous question when a new war has started – is most certainly yet to be determined. 

Then there's the question of the role of the United States and President Trump in all of this. News reports from both the U.S. and Israeli media suggested this morning that Trump was working hand-in-hand with the Israelis to pretend that he was still optimistic about a diplomatic resolution with Tehran, but did so only as a ruse to convince the Iranians that Trump intended to restrain Israel and thus lure Iran into a false sense of security when, in fact, Trump was not only green-lighting the attack but actively working with the Israelis to launch it. President Trump's own statements today proudly boasting of the success of the attack, along with his own concrete actions such as ordering U.S. military assets into position to yet again defend Israel, strongly bolster those reports and clearly indicate a direct U.S. involvement in this war between Israel and Iran, a U.S. involvement that already exists and will almost certainly continue to grow over the next few days and perhaps few weeks and even months. 

We’ll speak to Professor Mohammad Marandi, who is in Tehran and has heard and witnessed a lot of what happened but also has some unique analysis from his role as an American Iranian scholar of foreign policy and to scholars Justin Logan and Jon Hoffman, from the Cato Institute, one of the very few think tanks in the United States, which has long counselled restraint and non-interventionism in U.S. foreign policy. 

Only for Supporters
To read the rest of this article and access other paid content, you must be a supporter
Read full Article
post photo preview
Federal Court Dismisses & Mocks Lawsuit Brought by Pro-Israel UPenn Student; Dave Portnoy, Crusader Against Cancel Culture, Demands No More Jokes About Jews; Trump's Push to Ban Flag Burning
System Update #466

The following is an abridged transcript from System Update’s most recent episode. You can watch the full episode on Rumble or listen to it in podcast form on Apple, Spotify, or any other major podcast provider.  

System Update is an independent show free to all viewers and listeners, but that wouldn’t be possible without our loyal supporters. To keep the show free for everyone, please consider joining our Locals, where we host our members-only aftershow, publish exclusive articles, release these transcripts, and so much more!

AD_4nXejs0DWGiP8ieMfNSDSHxWeGpA0bYQ2sB6GX53BerQgLDbevN48qlCXkh11p78EUWG7xmSLMCw_dta-m52iwfsgIA3W2CeT9zra6jIl7Krf7sFz7NI2c-vDb2dnkU0ifL9MRhw4ltCOYIB3YKvkIQQ?key=UyjQkErH6uhdu9Xo5Lcq4g

In the first segment, we’ll talk about the victimhood narrative that holds that American Jews, in general, and Jewish students on college campuses in particular, are uniquely threatened, marginalized and endangered. One of the faces of this student victimhood narrative has become Eyal Yakoby, who is a vocal pro-Israel activist and a student at the University of Pennsylvania. 

In 2024, he was invited by House Republicans to stand next to House Speaker Mike Johnson and he proclaimed: I do not feel safe. He said it over and over. “I do not feel safe” has kind of become the motto for his adult life. Now, he seized on those opportunities by initiating a lawsuit against the University of Pennsylvania seeking damages for what he said was the school's failure to fulfill its duties to keep him safe. Mind you, he was never physically attacked, never physically menaced, never physically threatened, but nonetheless claimed that the school had failed to keep him safe and told the congress in the country that he did not feel safe. 

The federal judge who is presiding over his lawsuit, who just happens to be a Jewish judge, a conservative judge, appointed by George W. Bush, not only dismissed Yakoby's lawsuit as without any basis, but really viciously mocked it, depicting his claims as a little more than petulant entitled demands from a privileged Ivy League student who wants to not be exposed to any ideas or political activism that might upset him – sort of depicting him as the Princess in “The Princess and the Pea,” Andersen’s literary fairytale about a princess who's so sensitive to anything that might concern her, that she's even unable to sleep if there's a pea buried beneath the seventeenth mattress on which she sleeps. 

This judicial decision is worth examining not only for the schadenfreude of watching one of America's whiniest pro-Israel activists be exposed as a self-interested fraud that he is, but also for what it says about the broader narrative that has been so relentlessly pushed and so endlessly exploited from so many corners, insisting that the supreme victim group of the United States is, of all people, American Jews. 

Then: speaking of extreme entitlement, Barstool founder Dave Portnoy made quite a name for himself over many years by ranting against the evils of cancel culture, championing the virtues of free speech, and viciously mocking as snowflakes and as people who are far too sensitive anyone who takes offense at jokes, offensive jokes told by comedians. That is what made it so odd – yet so telling – when this weekend we watched the very same Dave Portnoy viciously berated one of his employees for disagreeing with Portnoy's insistence that while jokes about everyone and every group continue to be appropriate, there must now be one exception: namely, according to Portnoy, jokes about Portnoy's own group,  American Jews,  must now be suspended and deemed too dangerous to permit. 

AD_4nXejs0DWGiP8ieMfNSDSHxWeGpA0bYQ2sB6GX53BerQgLDbevN48qlCXkh11p78EUWG7xmSLMCw_dta-m52iwfsgIA3W2CeT9zra6jIl7Krf7sFz7NI2c-vDb2dnkU0ifL9MRhw4ltCOYIB3YKvkIQQ?key=UyjQkErH6uhdu9Xo5Lcq4g

AD_4nXeNPsWu8SYZVkQAs1AKBVzXSCqCNnJSXFRz97DnkaHGIxGix2Zh6YmbJTQCrmPrgX3vqBOePYDLHyYhwxRNyY7s7q2Ucj32uOVbkk6jWZgH6dWxrUKjcwab1q_D0yJ_S0Fv_z7W0ckJp94i_tscuw?key=UyjQkErH6uhdu9Xo5Lcq4g

There have been really a lot of radical and fundamental changes, first on the political culture and then in our legal landscape as a result of the attack on October 7, and particularly the desire of the United States – by both parties – to arm the Israelis, to fund the Israelis, to protect the Israelis as they went about and destroyed Gaza. 

Only for Supporters
To read the rest of this article and access other paid content, you must be a supporter
Read full Article
See More
Available on mobile and TV devices
google store google store app store app store
google store google store app tv store app tv store amazon store amazon store roku store roku store
Powered by Locals